Para sempre
Entre as pipocas caídas que varria entre os assentos, viu o brilho leve do metal: um Cartier novo caído no chão. Recolheu, pôs no bolso na intenção de entregar ao achados e perdidos como sempre. Não pensou muito nisso. Seguiu varrendo as pipocas e recolhendo os copos de bebidas e embalagens de doces, tudo no saco de lixo preto. Era uma atividade com a qual estava acostumada, fazia desde sempre, já se tornara parte de seu corpo e era até automática. Mas no bolsinho da cartucheira, ao lado de uma escova e pano, o relógio era uma diferença. Apoiou o braço sobre a vassoura, tirou-o de novo para olhar e ver os detalhes. Os ponteiros azuis reluziram sobre o metal prata, o acabamento fino e elegante. Um objeto quase pornografico em suas mãos calejadas. Talvez nunca tenham tocado algo tão pequeno e tão aparentemente valioso. Pensou nisso pela primeira vez. Sacou do bolso o celular velho e pesquisou a marca escrita entre os números do mostrador, até encontrar o mesmo modelo à venda on-line. O s...