Diretor conceituado responde ofensa direta
Após ser amplamente aclamada pela crítica especializada por semanas a fio, a peça O Armário, dirigida por Rafael Machado, que está em cartaz no espaço A Enchente, recebeu uma dura crítica de um jornalista de renome conhecido como Victor Augusto, neste sábado. Sem meias palavras, o jornalista - que até então nada sobre teatro tinha escrito - revelou não somente uma sinopse cheia de meandros e críticas jocosas como até mesmo o final do espetáculo, desencadeando assim a queda vertiginosa na venda de ingressos para a temporada que pretendia ir até o final do mês seguinte, as sextas, sábados e domingos.
A grande repulsa que o jornalista sentiu acarretou numa série de discussões a respeito de sua conduta na revista Veja e na sua evidente destruição do teatro enquanto fonte de cultura. Segundo alguns poucos colegas do ramo jornalístico, que conseguiram manter a calma o suficiente para conceder uma entrevista sem gritar enfurecidos, nem mesmo Barbara Heliodora havia sido tão cruel em qualquer uma de suas críticas. A fúria tomou parte dos profissionais da área, que se dividiram então entre criticar a resenha e o ato anti-heróico de Victor Augusto e entre remediar a situação elogiando ainda mais a obra de Rafael Machado.
O diretor, quando procurado, pôs-se a sorrir com certo ar de desdém: "Não vejo por que tamanho alvoroço.", disse, "Não é como se alguém realmente levasse qualquer coisa que ele escrevesse a sério.". As evidentes quedas na venda de ingressos, porém, mostram que, não apenas o diretor parece estar errado, como Victor Augusto caiu nas graças do público como um autor populista, representante do povo brasileiro. Rafael Machado, entretanto, comenta a respeito da redução de público: "Nós não esperávamos muita gente, na verdade. É uma peça bem intimista. Ele pode até pensar que nos prejudicou de alguma forma mas só ajudou no que pretendíamos enquanto arte.", afirma.
O autor da atualmente famosa resenha, que teve sua carreira inicialmente em jornais de classificados, passou pelo Superpop em pequenas reportagens free lance e por fim ingressou como repórter no programa Brasil Urgente, sendo aclamado pela população como defensor da justiça, dos fracos e oprimidos - surgiram inclusive hashtags no twitter do gênero #victornossoherói - vai responder agora a infinitos processos judiciais de homossexuais que consideram a sua crítica ofensiva e homofóbica. "Me sinto mais ofendido por meia dúzia de palavras que esse jornalista medíocre escreveu do que por tudo que o Bolsonaro disse!", reage João Monte Claro, ativista gay, autor de uma das muitas ações. Ao que tudo indica, boa parte da comunidade gay está revoltada com o desdém com que o universo gay foi retratado na resenha. Rafael, porém, nega a idéia de que a peça tinha qualquer teor homossexual: "Na verdade, trata-se de um grande tributo a diversão, a alegria e a cultura pop, coisas que eu e todo mundo sabemos que o pobre Victor abomina. Acho que ele precisava era sair d'O Armário!", brinca.
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