O segundo texto
Atrás. Sempre atrás. O tempo todo atrás.
Não existe lucro, um momento de glória que diga "Eureca! É isso!". Nunca é aqui onde se estabelece uma vitória, nunca se está pleno e totalmente. Sempre vencido, ainda que vencedor.
O discurso de um perdedor é vitimista e com isso reduntante. Pelo menos esse aqui é.
Sempre na negativa. Mesmo quando crê que as coisas vão dar certo alguma coisa lhe diz que não: não será o melhor, não será o primeiro, não será nada além do segundo lugar.
Volta e meia acredita ter alcançado o grande resultado a melhor das qualidades o jeito perfeito de se sobrepor e se expôr e colocar-se enfim em evidência poder se exibir sem que isso pareça um problema e enfim imagina-se feliz no topo do pódio querendo estourar a champanha e comemorar o tão merecido e adiado e inconcebível e inalcançável verdadeiro e real glamour, sucesso.
Mas não. Não. Não. Não. Não. Não. Nessa escadinha irreverente dos fracassados há sempre um outro degrau, um patamar que enquanto se esforçava para alcançar o mais alto surgiu e o sobrepôs. Está atrasado. Sempre atrasado. Sempre tem algo melhor, mais atual, mais moderno, mais interessante, mais bem trabalhado, mais qualquer coisa. No outro caso é menos, mesmo que sejam qualidades: menos sujeira, menos problemas, menos carisma, menos excessos.
E se enfim encontra o lugar de destaque, aquele momento de reconhecimento e confete, ele não é tão bom quanto um outro primeiro lugar que é mais exibido que este. E assim esse primeiro lugar é o segundo lugar entre os primeiros, atrás daquele outro. Atrás. Sempre atrás. O tempo todo atrás.
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