Coisa de priminho

- Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito...

- O que tá fazendo?

- Nada. Um, dois, três...

- Como nada?

- Nada. Três, quatro, cinco, seis...

- Não, não, me conta.

- Não vou te contar.

- Por favor, me conta! Por favor!

- Não, saco, não quero te contar.

- Mas por que? Eu não sou bom o bastante?

- Não tem nada a ver com você, ué.

- Não pode mesmo me contar?

- Não, não posso.

- Hmm.

- Dois, três, quatro, cinco...

- Vinte e dois, quatorze, sessenta e quatro, quarenta e oito...

- Para com isso!

- Por que?

- Por que eu não consigo contar assim.

- Se não vai me contar não vai contar também.

- Nossa, como você é insuportável! É por isso que eu nunca te conto.

- Não, nem é. É por que eu não conto, né?

- Do que você está falando, exatamente?

- Nada não. Deixa pra lá. Vai, começa a contar.

- Não, agora me conta.

- Não, conta você.

- Eu já tava contando antes de você se intrometer.

- Pois é, não quis me contar agora não te conto também.

- Ah, nem queria saber mesmo.

- E nem eu queria contar, babaca.

- Vou contar pra sua mãe.

- Pode contar, nem ligo.

- Que bom. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito...