Talvez o universo paralelo seja o cenário perfeito (ou “O que você quer ser quando crescer?”)
Laís tinha seis anos quando a mãe a colocou no balé, decidiu arriscar na carreira de dançarina, viveu em moscou por 30 anos sozinha e morreu de depressão.
Laís tinha seis anos quando a mãe a colocou no balé, mas ela preferiu uma carreira odontológica, casou e teve três filhos, tendo que abandonar o consultório pra cuidar deles até morrer num assalto a um ônibus.
Laís tinha seis anos quando os pais se separaram e com o choque decidiu nunca se casar, seguindo uma carreira de assistente social e foi morta aos vinte e nove anos por um pai descontrolado pela guarda do filho de sete anos.
Laís tinha seis anos quando seus pais morreram num acidente de carro e ela foi morar com a tia, onde se apaixonou por seu primo e fugiu com ele para a Bahia, tendo lá formado a maior rede de fast-food acarajé do país, morrendo aos cinquenta e sete anos de enfarto do miocárdio.
Laís tinha seis anos quando decidiu ser médica para curar as doenças da mãe, sendo uma vestibulanda louca e frustrada até os vinte e cinco anos, quando sua mãe morreu antes que ela entrasse na faculdade, o que acarretou no seu suicídio.
Laís tinha quinze anos quando engravidou do vizinho pedófilo que a espancava e virou noticia nacional ao ser assassinada por ele em frente ao portão de casa, ainda grávida, a marretadas.
Laís foi abandonada numa lata de lixo pelos pais logo após seu nascimento e foi encontrada quando caiu dentro do caminhão de lixo, não resistindo ao socorro e falecendo no hospital pediátrico da cidade.
Laís entrava na adolescência quando descobriu a música gótica, revoltou-se contra seus pais e os matou envenenados por não a compreenderem e a recriminarem, e seu atual paradeiro é desconhecido.
Laís gostava de jogar futebol na infância, fugiu de casa aos dezessete, aos dezoito mudou de nome para Fernanda por odiar Laís e ganhou um campeonato nacional de futsal, tornando-se treinadora aos quarenta e morrendo de velhice e cheia de artrite aos noventa e oito anos.
Laís era senadora quando acordou de manhã, desacreditada, teve uma epifania e escreveu um livro sobre fazer uma revolução contra os modelos políticos partindo do próprio senado, que virou best-seller e nada mais, e foi morta supostamente pelas forças da oposição como foi amplamente divulgado nos meios de comunicação, quando na verdade um fã do seu livro percebeu que ela também era senadora e resolveu começar sua revolução por ela.
Laís era o nome da personagem que um psicopata encarnava ao estraçalhar suas vítimas, sempre mulheres, em bordeis da grande São Paulo, até ser identificado pela polícia e assumir que chamava-se mesmo Laís e que era de fato uma mulher que odiava feminilidade pelas aulas de balé traumatizantes que sua mãe a pusera aos seis anos.
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