Reflexão do estado atual

Uai, tava na hora de um texto falando de mim e da minha mudança pra Minas Gerais!
Quase seis meses depois da fatídica mudança de estado, eu digo que acho Uberlândia a mesma porcaria que Diadema. É cheio de gente mal encarada, cheia de ônibus velhos, cheia de lugares longes, cheio de parentes que eu não costumo ver, cheio de gente feia e cheio de gente bonita. É uma cidade, igual a outra. Mesma coisa.
Minha casa aqui é melhor. Não tem um montão de degraus pra subir, eu tenho dois quartos, a minha sala é bem mais bonita. Dois banheiros, pra ninguém brigar. Sair da garagem com o carro é uma delícia.
A faculdade daqui é fácil de passar e não exige muito. É cheio de universitários e repúblicas, então tem muita gente da minha idade pra eu ficar paquerando, o que faz das viagens nos ônibus velhos algo mais divertido. Continuo arranjando briga com professores, odiando algumas pessoas, sou o mesmo cara, só que menos tagarela.
O principal problema daqui é o fato de que eu não consigo ser sociável e, portanto, não fiz amigos, pelo menos não ainda. As pessoas do meu cursinho são todas aquelas pessoas cheias de dinheiro que empinam o nariz e limpam a bunda em notas de cem. Me dá asco só de pensar em conversar com algum deles. Os meus vizinhos se trancam em casas com muros enormes e dificilmente se vêem, então eles praticamente nem existem. O mais longe que eu cheguei numa conversa com um estranho, aqui, foi numa entrevista de emprego, que por sinal eu não fui contratado.
Minhas amizades, todas elas, são online. Mesmo as que eram offline se tornaram online, então meu tempo no computador é destinado basicamente a elas. Triste entrar no messenger e não ver ninguém online. Me sinto ainda mais sozinho.
No cursinho é onde eu realmente fico mal com essas coisas. É difícil chegar de bom humor em casa, depois de passar cinco horas numa sala com pessoas que nunca se deram ao trabalho de falar comigo de verdade. Ficar só prestando atenção no professor é super legal (nas matérias que eu gosto), mas não é o bastante.
E eu vejo que as pessoas tem mais o que fazer do que ficar me esperando num comunicador online. O povo tem sumido, entrado cada vez menos (eu também), e quando entram a chance de eu estar num mal-humor de matar é grande. Aí eu digo o que não quero, penso o que não devia, imagino idiotices e me torno super egoísta. Um monstro. Sozinho, eu quero que as pessoas vivam não só pra elas, pra mim também. No momento parece super certo e lógico, mas basta desligar o computador pra eu ver que é egoísmo e bater a culpa. Me frustra não saber viver sozinho, já que eu já vivi assim e não parecia tão ruim. Ou parecia?
Meus laços familiares, de alguma forma, ficaram um pouco melhores. A gente briga, se desentende, do mesmo jeito de sempre. Mas agora todos entendem uma brincadeira, não se comovem com uma bobagem, não brigam por um prato sujo. A gente está se aceitando melhor, e eu gosto disso, aqui. Acho que eles percebem que são tudo o que restou da minha "vida social". Ou só fazem o que famílias deviam fazer.
Fico decidido e me atrapalho a toda hora. Até mês passado ia prestar letras na UFU. Agora é Teatro e, se não passar na prova prática, vou de psicologia. Meus planso mudam o tempo todo, eu não consigo nem ter uma base certa do que fazer. As vezes eu só me deixo seguir, sem pensar em quem eu sou e quem eu vou ser.
Emagreci três quilos, e isso fez bem pra minha auto-estima. Meu cabelo anda me agradando, também, a cabeleireira daqui é bem melhor que a de Diadema.
Meu senso de responsabilidade caiu muito. Antes eu era capaz de seguir minhas próprias metas, mesmo que precisasse me utilizar de artimanhas pro processo. Agora eu só consigo ver que está dando errado e não arranjo motivos pra mudar. Fico na mesma.
Aprendi muita coisa desde que vim pra cá. Esqueci de muita coisa, também. Acho que é só questão de me adaptar, de trocar de máscara, já que a massa disforme atrás do disfarce nunca aparece de verdade.

Comentários

B. disse…
"(...)Meus planso mudam o tempo todo(...)"

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