Prazer.

Eu posso ser o único, mas tenho pavor de perder. Talvez, por esse pavor, eu perco constantemente, já me acostumei com o segundo lugar, já entendi que eu nunca vou ser melhor que ninguém. Por mais que eu faça e desfaça, me esforce, me proponha, nunca vou chegar à primeiro.
Tem uma porção de coisas que as pessoas costumam sonhar com. Eu, por exemplo, queria ser o melhor ator de um grupo de 20. Não consegui. Queria ser a pessoa que eu conheço que mais lê, não consegui. Queria saber fazer algo de verdade como ninguém sabe, queria escrever algo extremamente bom, queria ser o melhor amigo de alguém. Me vejo sendo gradativamente substituido, ultrapassado, contentando-me com o segundo lugar.
Vejo que, aos poucos, eu perco a minha vontade, que bate um sentimento de comodismo. Se me falta garra, eu paro, fico estagnado, desisto.
Vou de segundo a último.
Aí eu sou o pior filho do mundo, sou o pior aluno do mundo, sou a pior pessoa do mundo, eu mesmo me surpreendo com a minha monstruosidade.
Não me contento, posso perder o quanto for que eu vou ser sempre capaz de aceitar novos desafios, consciente de que, cedo ou tarde, eu vou perder.
Perdi.

Comentários

Mikaellis disse…
Eu sempre acreditei que você podia fazer o que quisesse da vida, menos gerar um filho, é claro, mas o que quisesse.
Parei de contar minhas conquistas com o número que vem nelas. Só você sabe que lugar oculpou, no desafio em que você se propôs, o quanto se dedicou, e quão satisfeito ficou.
A idéia de que cada humano é único e especial vai se perdendo conforme os tempos, mas é algo para se pensar sempre.
Além do mais, sei que existe alguma coisa em que você foi o primeiro, sei que sim.
Anônimo disse…
Tudo o que você mencionou no texto eu ando sentindo, com um ar de dúvida quanto ao futuro. Creio que, no meu caso, seja a idéia de concluir a escola e virar gente grande causando intriguinhas internas. Mas é normal. Acho que chega num determinado ponto da vida que a gente supera isso, tendo alguma satisfação, ou a gente simplesmente deixa de ser importar (e pelo menos assim os fracassos deixam de nos assombrar).
Anônimo disse…
Bom, todo mundo se sente assim um dia.

Normal =p
Anônimo disse…
Você pode não ser o primeiro em tudo que quer, mas some tudo aquilo que você conseguiu no processo e você vai ver o quanto você ganhou.

Talvez você pode não ser o cara que mais lê, mas é o segundo que mais lê e ao mesmo tempo o segundo de um grupo de 20 e ao mesmo tempo o amigo de milhares de pessoas...

Ah Ked, você é demais e pronto. Nem precisa de matemática pra explicar isso. xD

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