"Não é problema meu", já dizia Dona Eulália
- Ei, levanta aí pra senhora sentar.
- Ah, desculpa, nem vi ela entrar.
E se eu não tivesse levantado? Tivesse olhado para o rapaz que me cutucou e dito:
- Ela é sua mãe?
- Não.
- Sua avó?
- Não...
- Tem algum parentesco com você?
- Não.
- Então porque se importa tanto com ela?
- Pelo mesmo motivo que você devia se importar: você um dia também será velho.
- Quando eu for velho ela não vai poder me dar o lugar dela pra sentar.
- Mas algum jovem educado o fará.
- Será? Aliás, será que, quando eu for velho, já não existirá uma máquina de teletransporte e, quando meus netos me mandarem entrar nela, eu não os olhe com repugnância e diga "Eu não, isso estraga a TV" e vá, sentadinho, num ônibus vazio, pra onde quer que eles tenham ido?
- Custa dar o maldito lugar?
- Se não reparou, o banco preferencial de idosos é na minha frente, e tem uma menina de 16 anos sentada nele. Ela tem muito mais obrigação do que eu.
- Mas ela é uma menina e você é um homem.
- Elas não estavam brigando pela igualdade dos sexos? Só quando convém, é?
Aí, a velha já farta de mim, desceria do ônibus e seguiria para seu destino final, fosse a quitanda ou a discoteca mais próxima.
Maldita resignação.
Comentários
Demorei um pouco para me situar dentro do contexto (em parte por causa do texto começar meio bruscamente, digamos assim), mas eu gostei. =)
Pronto: sem peso na consciência, sem conflitos, sem compicações.
((-TO PAGAAAANUUU))
Isso me lembrou do dia que eu estava indo pra sua casa depois da escola, e o maldito 23 LOTOU e a gente jutinho no banco conversando, ouvindo música, e papeando sobre possiveis signs de Prety.Odd, enquanto o resto do ônibus faltava xigar nossas mães, pelo simples fato de ter uma idosa não pagante, em pé. xDD~
Ah saudadee s2
=*