Diálogo de si pra si, sobre teatro e ano passado.
- Sabe o que eu realmente sinto falta?
E aquilo me pegou de surpresa. Ora, bolas, por que eu, afinal, estaria voltando a essa discussão, que eu nunca vi real utilidade para?
- Não.
- Sinto falta dele.
Duh! Claro que não sentia. Vocês nem se quer eram amigos, caramba. Colegas, e olhe lá.
- Sente?
- Sinto. Talvez não dele em si, mas da presença dele.
Espera. Isso é anormal, ainda. Tem algo que eu não saiba aqui? E como poderia EU não saber?
- Como assim?
- Era divertido... invejar, ele. Concorrer. Intimamente, eu só queria ser melhor que ele, e nada mais.
Ah. Ah, bom. Ah, droga.
- Como um rival?
- Como um rival. Era alguém que eu admirava e que eu dava tudo de mim pra superar. Talvez nem sejam as aulas de teatro que me fazem falta. Talvez seja só ele.
- Mas você não nutria uma paixonite secreta por ele?
- Que nada! Era só pra esconder essa invejinha medíocre, esse ciúme sem motivo. Eu sempre soube que eu não tinha nem se quer uma atraçãozinha física por ele. Embora sempre invejei, também, o brinco na orelha e o cabelo legal.
- Você assumiu, assim?
- Não, só parei de esconder algo sem motivo.
O que é isso? Estou vendo as coisas irem pro lado que nunca deviam ter se quer perpassado.
- Então, na real, você sempre foi um fã dele, é isso?
- Sim.
- Droga.
Comentários
Gostei do texto.