O Banheiro.
É claro, o certinho, sem repetir uma vez se quer, sem cair de moto ou dirigir sem carteira, sem pegar zilhões de menininhas, não é tão interessante quanto o cara foda que faz tudo isso.
Ainda bem, não queria ser assunto numa reunião dessas. Graças a Deus tenho primos muito mais incomuns, e fico feliz de saber que não dão a mínima se estou tomando o vigésimo quarto copo de refrigerante pra me manter acordado em meio as dissertações soporíferas.
Um estupor me toma naquele jantarzinho meia-tigela na Trianon, na qual a família bem sucedida convida por educação a família má sucedida que vai por educação. Ninguém reparou em quantos crepes eu comi, amém.
E aquela prima ricaça ainda se vê obrigada a pagar o táxi da tiazona chata que reclama até da joanete. Tudo bem que a prima ricaça é tão sem graça quanto todos os outros convidados, mas ao menos ela joga disfarçadamente na nossa cara o quão mau sucedidos somos. O sorriso plástico não engana ninguém, e todo mundo sabe que ela tá chorando pra zarpar dali.
Ainda pendurados na música de ivete sangalo vem aqueles primos malas que se acham engraçados dançar formando um casal gay ridículo. Um deles é realmente gay, mas só o besta aqui reparou nisso. Enquanto toda a sala segura as taças cheias de vodka e coca-cola, com sorrisos estampados sem motivo na cara, rindo da cena ou de quanta bebida já suportou.
Meia-noite e o banheiro é o meu alívio. Não tem ninguém. Eu, a privada, a torneira maravilhosa. Posso tirar o boné sem ninguém olhar feio pro meu cabelo. Poderia passar o resto da festa toda ali, mas o parabéns vem logo mais. Bosta.
Canta-se parabéns, com os engraçadinhos de sempre substituindo "Pic" e "hora" por...
Dá uma da manhã e meus pais não foram embora ainda. Que porre! Alguém me retire desse sofá confortável antes que eu ignore todos vocês e durma aqui.
E ainda terminam puxando assunto comigo, o excluído, loser com L maiúsculo da festa:
- O que vai fazer de faculdade?
Encho a boca pra dizer não sei. Minha mãe responde por mim. Grande!
Vamos embora, depois de beijar novecentos rostos diferentes com um sorriso fingido na cara. Ninguém se toca de como eu estou sendo falso? Tou fazendo um esforço grandão pra notarem.
No carro, o silêncio me conforta. Nem um pio.
Graças a Deus, eu não dou festas.
Ainda bem, não queria ser assunto numa reunião dessas. Graças a Deus tenho primos muito mais incomuns, e fico feliz de saber que não dão a mínima se estou tomando o vigésimo quarto copo de refrigerante pra me manter acordado em meio as dissertações soporíferas.
Um estupor me toma naquele jantarzinho meia-tigela na Trianon, na qual a família bem sucedida convida por educação a família má sucedida que vai por educação. Ninguém reparou em quantos crepes eu comi, amém.
E aquela prima ricaça ainda se vê obrigada a pagar o táxi da tiazona chata que reclama até da joanete. Tudo bem que a prima ricaça é tão sem graça quanto todos os outros convidados, mas ao menos ela joga disfarçadamente na nossa cara o quão mau sucedidos somos. O sorriso plástico não engana ninguém, e todo mundo sabe que ela tá chorando pra zarpar dali.
Ainda pendurados na música de ivete sangalo vem aqueles primos malas que se acham engraçados dançar formando um casal gay ridículo. Um deles é realmente gay, mas só o besta aqui reparou nisso. Enquanto toda a sala segura as taças cheias de vodka e coca-cola, com sorrisos estampados sem motivo na cara, rindo da cena ou de quanta bebida já suportou.
Meia-noite e o banheiro é o meu alívio. Não tem ninguém. Eu, a privada, a torneira maravilhosa. Posso tirar o boné sem ninguém olhar feio pro meu cabelo. Poderia passar o resto da festa toda ali, mas o parabéns vem logo mais. Bosta.
Canta-se parabéns, com os engraçadinhos de sempre substituindo "Pic" e "hora" por...
Dá uma da manhã e meus pais não foram embora ainda. Que porre! Alguém me retire desse sofá confortável antes que eu ignore todos vocês e durma aqui.
E ainda terminam puxando assunto comigo, o excluído, loser com L maiúsculo da festa:
- O que vai fazer de faculdade?
Encho a boca pra dizer não sei. Minha mãe responde por mim. Grande!
Vamos embora, depois de beijar novecentos rostos diferentes com um sorriso fingido na cara. Ninguém se toca de como eu estou sendo falso? Tou fazendo um esforço grandão pra notarem.
No carro, o silêncio me conforta. Nem um pio.
Graças a Deus, eu não dou festas.
Comentários
cara eu nunca fui numa festa de parentes ricos, talvez porque minha familia toda é pobre
pela sua descrição deixa até entender que aquela festinha sem graça que só toca funk e forro, onde voce encontra o bairro inteiro é melhor
para de ser reclamao e me leva na proximaa
familia do seu pai??
Se bem que, confesso, já odiei mais essas concregações. Dica: fones de ouvido e/ou livro SEMPRE, foda-se se pensam que você é anti-social, pelo menos comigo pensam isso de qualquer forma :D