Fico.
Perdido no tempo-espaço, eu analiso a minha vida: sou uma merrequinha de ações numa imensidão de insolência. Nem sei quem sou, e nem sou quem posso ser. Não sou.
Trato-me por primeira pessoa do plural, em noventa por cento dos casos, para sentir-me, talvez, altruísta. Sou egoísta, um poço de singularismo, o ímpar perfeito que sobra por que prefere pensar em si. Venho então a denegrir-me a mim mesmo, e refiro-me a mim como se falasse dos seres humanos, por que, se porco sou, porco sois.
Pouco me importa.
Nem penso na verdade em tudo isso. Tenho mais o que ler, mais o que ver, mais o que crer. Não lembro dos motivos daquela pergunta, não lembro da resposta que dei para justificar meus motivos. Falta-me o meio da história toda.
Já não sei como cheguei até aqui. A minha presença, tal qual ser humano que sou, e que posso assegurar-me também você é, é inútil a todos e inexplicavelmente cabível. Precisam de mim, precisam de mim.
Sou eu, afinal, que estou presente no seu fim de tarde.
Trago as boas lembranças para o silêncio da sala vazia, no sofá vazio, e os pensamentos se esvaem. Não vem o sorriso, não sei quem sou. Não sou.
Me nego. Me engano. Não sou.
Há quem diga que enlouqueci.
Trato-me por primeira pessoa do plural, em noventa por cento dos casos, para sentir-me, talvez, altruísta. Sou egoísta, um poço de singularismo, o ímpar perfeito que sobra por que prefere pensar em si. Venho então a denegrir-me a mim mesmo, e refiro-me a mim como se falasse dos seres humanos, por que, se porco sou, porco sois.
Pouco me importa.
Nem penso na verdade em tudo isso. Tenho mais o que ler, mais o que ver, mais o que crer. Não lembro dos motivos daquela pergunta, não lembro da resposta que dei para justificar meus motivos. Falta-me o meio da história toda.
Já não sei como cheguei até aqui. A minha presença, tal qual ser humano que sou, e que posso assegurar-me também você é, é inútil a todos e inexplicavelmente cabível. Precisam de mim, precisam de mim.
Sou eu, afinal, que estou presente no seu fim de tarde.
Trago as boas lembranças para o silêncio da sala vazia, no sofá vazio, e os pensamentos se esvaem. Não vem o sorriso, não sei quem sou. Não sou.
Me nego. Me engano. Não sou.
Há quem diga que enlouqueci.
Comentários
E nada nunca fez sentido, mesmo.
Então você não está louco, só está começando a entender que todo o resto está.
Ou talvez estejamos os dois loucos, no fim das contas.