Fenecimento por aspecto distinto.

Não teve muito tempo de sentir, apesar de os microlésimos de segundos que durou pareceram muito mais longo do que foram de verdade. Terrível, rápido, meio alucionógeno.
Não entendia direito como tinha sido, na verdade. Sentira o peso sobre as costas, as pernas quebrarem, o crânio espatifar, o cérebro se desfazer. O sangue nem escorreu. Ficou todo enlameado em meio aos pedaços. Não pudera dar se quer um pio.
Por que tinham acertado-o assim, sem motivo, com essa coisa, fosse o que fosse, tão absolutamente pesada? Estava em paz, naquela imensidão azul, sem assolar ninguém. Pagando pecados, talvez? Na verdade, nem se quer tinha concepção de pecados, de certo ou errado. Poderia estar mordendo alguém que não saberia se isso era algo errado. Não importava, na verdade. Só conseguia pensar na dor de morrer. De ser esmagado sem dó, sem motivo. Pobre dele, que nunca matara ninguém, ser morto dessa forma, impiedosa.
Ficara colado, destroçado, ao chão. Não sentia mais nada, e ia para onde quer que fosse depois do fim da vida. Depois da destruição do seu corpo. Quem era, mesmo? Como fora sua vida?
A dor das pernas quebrando e do cérebro sendo esmagado ainda falava alto de mais.

- Mãe, traz um pano que o pernilongo que eu matei melou a parede toda!

Comentários

Victor disse…
HAHAHAHAHA, amei a quebra de expectativa XD
Keep it up, bitchie (y)

Postagens mais visitadas