O tempo é um ótimo professor. Pena que ele mata seus alunos.
Tem uma hora do seu domingo que te bate uma vontade louca de subir na cadeira, tirar os livros velhos de cima do guarda-roupa, folhear os cadernos cheios de anotações risíveis e desenhos muito tortos, que pululam em páginas de matéria em geral não concluída. Talvez seja só eu, mas essa hora sempre vem. E sempre vai, também: não vou MESMO me dar ao trabalho de subir numa cadeira pra folhear esse monte de coisas empoeiradas. A menos que eu não tenha nada pra fazer.
Pois domingo passado eu não tinha. Tal qual imaginei, meu desespero foi alarmante e eu me vi, mais cedo do que pensava, indo em direção ao guarda-roupas, com uma cadeira, e pegando todas aquelas revistas poeirentas e jurássicas, que falavam da época de lançamento do game cube, do GBA, algumas coisas sobre um tal de "turbo" que virou "ds", e mais uma infinidade de coisas, passando por uma matéria de seis páginas de Kingdom Hearts e postêres que eu fiz questão de doar para caridade por que, senhor, eu não gosto mais de Angélica.
Ao que me vem uma surpresa, quando começo a abrir os cadernos: mesmo eles estando com talvez metade das páginas que tinham quando os comprei - todas arrancadas para coisas que eu certamente nunca mais verei -, eles eram artefatos que contavam minha história por essas escolas intrigantes e cheias de gente diferente. Uma verdadeira bibliografia, nas minhas mãos. Joguei tudo fora, com prazer.
Mas antes de jogar fora, enfiar num saco de lixo todos os meus desenhos mais irregulares de coelhos e homens de cartola, ou de pessoinhas abraçadas e com cabelos mais que bizarros, eu me vi passando por tudo aquilo de novo, um sorriso surgindo na minha cara, os meus melhores momentos e as melhores pessoas vindo até mim, apertando a minha mão e sumindo na página seguinte, para depois aparecerem de novo. Era lindo, e eu vi quanta coisa foi escrita na minha vida, não só por mim. Como eu estava velho. Céus, o ensino médio acaba esse ano e eu ainda nem sei mol na real.
E aí vieram brinquedinhos velhos, dos tempos de criança, que foram empacotados com lágrimas nos olhos para serem doados. Era meu mundo sendo entregue a alguém, e isso me pareceu até meio poético apesar de melancólico e idiota. Pedaços de plástico que carregam sentimentos é bem coisa de ser humano, mesmo.
E, nossa, quando eu finalmente tirei o último livro de dentro do guarda-roupa, prestes a organizá-los todos de novo, encontrei uma foto de quatro anos atrás, de algumas pessoas imensuravelmente preciosas pra mim, todas elas de mãos dadas numa reverência terminada e sorridente. A foto vinha acompanhada de mais três, duas de pessoas que já foram tudo na minha vida e agora são odiadas ou simplesmente esquecidas, e uma terceira, rasgada.
Não joguei nenhuma das quatro fora. Nem a rasgada.
Pois domingo passado eu não tinha. Tal qual imaginei, meu desespero foi alarmante e eu me vi, mais cedo do que pensava, indo em direção ao guarda-roupas, com uma cadeira, e pegando todas aquelas revistas poeirentas e jurássicas, que falavam da época de lançamento do game cube, do GBA, algumas coisas sobre um tal de "turbo" que virou "ds", e mais uma infinidade de coisas, passando por uma matéria de seis páginas de Kingdom Hearts e postêres que eu fiz questão de doar para caridade por que, senhor, eu não gosto mais de Angélica.
Ao que me vem uma surpresa, quando começo a abrir os cadernos: mesmo eles estando com talvez metade das páginas que tinham quando os comprei - todas arrancadas para coisas que eu certamente nunca mais verei -, eles eram artefatos que contavam minha história por essas escolas intrigantes e cheias de gente diferente. Uma verdadeira bibliografia, nas minhas mãos. Joguei tudo fora, com prazer.
Mas antes de jogar fora, enfiar num saco de lixo todos os meus desenhos mais irregulares de coelhos e homens de cartola, ou de pessoinhas abraçadas e com cabelos mais que bizarros, eu me vi passando por tudo aquilo de novo, um sorriso surgindo na minha cara, os meus melhores momentos e as melhores pessoas vindo até mim, apertando a minha mão e sumindo na página seguinte, para depois aparecerem de novo. Era lindo, e eu vi quanta coisa foi escrita na minha vida, não só por mim. Como eu estava velho. Céus, o ensino médio acaba esse ano e eu ainda nem sei mol na real.
E aí vieram brinquedinhos velhos, dos tempos de criança, que foram empacotados com lágrimas nos olhos para serem doados. Era meu mundo sendo entregue a alguém, e isso me pareceu até meio poético apesar de melancólico e idiota. Pedaços de plástico que carregam sentimentos é bem coisa de ser humano, mesmo.
E, nossa, quando eu finalmente tirei o último livro de dentro do guarda-roupa, prestes a organizá-los todos de novo, encontrei uma foto de quatro anos atrás, de algumas pessoas imensuravelmente preciosas pra mim, todas elas de mãos dadas numa reverência terminada e sorridente. A foto vinha acompanhada de mais três, duas de pessoas que já foram tudo na minha vida e agora são odiadas ou simplesmente esquecidas, e uma terceira, rasgada.
Não joguei nenhuma das quatro fora. Nem a rasgada.
Comentários
Outro dia tava vendo várias aberturas no youtube, e tiops, dragon ball, fly, power rangers da primeira temporada, e vários outros, muito rules. Até do capitão planeta AHA!
Mas vasculhar o armário é uma coisa que eu faço sempre, então to sempre em contato com o passado, e chega a ser legal, porque eu realmente me lembro de tudo como se fosse hoje que tivesse acontecido, e que passou muito rápido. x)
Btw, quero mais textos, tá demorando o próximo ;-;