Confabulação incomunicável
Olho a rua vazia enquanto o sono não vem. Não vem ninguém, não passa uma alma, não vejo um palmo além do chão. Amo esse silêncio, odeio essa escuridão. Sinto falta de uma risada, olho torto para a luz. Quem me decide que me compre, quem me olha não me vê. Não estou aqui, também, não passo de uma alma. Nem com alma nem sem alma alguém passa.
Nem só a alma passa.
E o silêncio volta aqui, pra fazer compania. O maldito vem, e não passa. Pára, me olha e sorri. Ri do meu sorriso em resposta, do afago que eu espero e que ele não me dá. Não vai embora, não passa, não some. Permanece ali, comigo, esperando alguém passar. Mais algo se aproxima, mais algo não passa. A solidão vem, segura minha mão e me colaca pra dormir, pesado, pendurado no aço frio e amassado do que vem a ser janela num próspero sonho impróprio. Não vejo luz, não ouço som. Ficam escuridão e silêncio a observar solidão me ninar.
Acordo.
De onde vem o ímpeto disso tudo, por que ainda não desisti da rua vazia? O relógio mente, meu coração bate, ainda bate e eu sei que bate. Me bate, alguém me bate. Batem na porta, querem saber por que não vou dormir, não querem saber se quero dormir, não querem saber se posso dormir. Eu deito, a porta bate, o vento sopra e o frio volta. Escuro, somente escuro. Alguém passa na rua falando alto, comentando a tempestade que disse que vinha mas nunca vem, desse frio que não passa, desse tempo maluco. O maluco conversa sozinho e só é ouvido pela solidão, talvez sem notá-la. Passa e vai embora, discutindo sem ninguém, debatendo sem motivo. Ele, só ele, que passa.
E eu afinal, não durmo.
Nem só a alma passa.
E o silêncio volta aqui, pra fazer compania. O maldito vem, e não passa. Pára, me olha e sorri. Ri do meu sorriso em resposta, do afago que eu espero e que ele não me dá. Não vai embora, não passa, não some. Permanece ali, comigo, esperando alguém passar. Mais algo se aproxima, mais algo não passa. A solidão vem, segura minha mão e me colaca pra dormir, pesado, pendurado no aço frio e amassado do que vem a ser janela num próspero sonho impróprio. Não vejo luz, não ouço som. Ficam escuridão e silêncio a observar solidão me ninar.
Acordo.
De onde vem o ímpeto disso tudo, por que ainda não desisti da rua vazia? O relógio mente, meu coração bate, ainda bate e eu sei que bate. Me bate, alguém me bate. Batem na porta, querem saber por que não vou dormir, não querem saber se quero dormir, não querem saber se posso dormir. Eu deito, a porta bate, o vento sopra e o frio volta. Escuro, somente escuro. Alguém passa na rua falando alto, comentando a tempestade que disse que vinha mas nunca vem, desse frio que não passa, desse tempo maluco. O maluco conversa sozinho e só é ouvido pela solidão, talvez sem notá-la. Passa e vai embora, discutindo sem ninguém, debatendo sem motivo. Ele, só ele, que passa.
E eu afinal, não durmo.
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(Y)