Boa sorte, tio Tripa.
Você não fala Ananas comosus, fala?
Claro que não. Em alto e bom som, grita pra quem quiser ouvir "A-BA-CA-XI!". Nada mais justo, os feirantes o fazem toda quinta-feira e ninguém olha torto pra eles. Ninguém.
Então por que todo mundo ficar horrorizado quando alguém apenas diz - nem precisa gritar - o nome popular de "vulva"? Ou de "líquido espermático"? Cultura no sentido literal sendo excluída de meios comunicativos graças ao senso comum, que não apenas é realmente comum, como é variável. Não é por que é certo para a maioria, que realmente seja certo.
Invariavelmente somos possuidores de uma linguagem maravilhosa, provedora de palavras propensas a pequenas peças, como aliterações. E temos uma cultura tão alegre, tão divertida, tão própria, ainda que indiscutivelmente misturada a outras culturas. Por que prover ao cidadãos essa censura já do berço?
Exclamemos "Porra!" em letras de música sim, por que não. Exclamemos "Caralho!" em meios de comunicação e em via de demonstração cultural. Soltemos o verbo, mostremos quem somos, como falamos. São todos conceitos, impostos, proveitosos ou não. Errado é aquele se propõe a ser enfático e diplomático e acaba imortalizando-se num "Vá pra puta que pariu!" mau desenvolvido e perdido em meio a exorbitantes vocábulos narcisistas.
Proponho: livremo-nos desse pudor desalmado que só maltrata qualquer manifestação cultural e proíbe e bane o que todos fazemos e que quem não fez ainda fará: sexo!
Isso tudo é um grande e fétido dejeto fecal. 'Má no oritimbó!
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