Teorias à base d'água

Eu, como ser humano racional, já pensei, em algum momento oportuno a pensamentos filosóficos - como quando eu lavo a louça ou evacuo -, o que raios eu estou fazendo aqui nesse planetinha azulado que vocês não fazem idéia de como é grande e, por conseqüência, pequeno. Descobri, depois de meditar muito junto ao vaso ou quebrando pratos, que estou aqui para perder tempo.
Eu não vou, de forma alguma, ser uma pessoa memorável. Vou ser só mais um bípede pensante que resolva deixar para outras pessoas parte das suas histórias. Enquanto a espuma escorre pelo prato ou o excremento bate na água da privada com um som sinfônico e harmônico, percebo que eu nunca vou passar de mais um. "E se você passar?", vocês, seres otimistas e talvez caridosos que se preocupam que com um pouco de sorte eu esteja em uma crise na vida descobrindo como eu não sou nada e como não sirvo nem pra lavar a louça, devem estar se perguntando. Bom, a resposta é simples: vou virar um nome de rua. Talvez num bairro de jornalistas famosos ou de caras que ganharam o prêmio Nobel por alguma coisa, como a melhor utilização de um preservativo, lá esteja o meu nome, enfeitando uma placa e fazendo nada mais que isso. Você, talvez um dia, venha a morar na Rua Rafael Machado, sem saber realmente quem foi esse cara. E se souber, não vai realmente ligar pra isso.
Estamos aqui para sermos esquecidos. Os historiadores, que são as pessoas que insistem em se preocupar com a vida alheia de pessoas que já deviam ter sido deixadas pra trás, são as pessoas que deviam ser lembradas, para verem como é ruim ser reconhecido e percebido. Olhem, moro na Rua ADALBERTINO HISTORIADOR DA FONSECA NUNES JUNIOR TERCEIRO OLHO NA TESTA, o cara que passou a vida estudando Sócrates! Não é lindo?(??)
Torçamos para que sejamos apenas o que tivermos de ser. Nem deixar marcas e histórias anda compensando hoje em dia, o fictício é tão mais divertido e radical, pra que raios eu quero o realismo, onde não tem palmeiras e nem pasta o sabiá?