Préterito mais que imperfeito

Deixemos os "ias" pra lá! Esta é uma campanha que este blog apoia com louvor, fervura e rabanetes, a todo e qualquer custo. Viver no pretérito nos trás a óbvia verdade de que nosso passado nos condena. Os "deveria", "poderia", "chamaria" resultam apenas em uma conclusão: O seu presente é uma completa porcaria por que você assim quis, e lamentar os meios não melhora os fins.
Desista, em primeiro lugar, de pensar o quão melhor sua vida poderia estar. Ela não poderia, mesmo, estar melhor, por que a série de fatos que ocorreram para que ela estivesse do jeito que está aconteceram por que você fez determinada escolha e que, se você voltasse no tempo e não soubesse do que te aguardava depois, muito possivelmente escolheria de novo.
Em segundo lugar, sua vida não tem check points. Por mais longe que você tenha chegado, qualquer erro cometido corrempe toda a sua linha de glória e highscore, quebra o combo e ainda resulta num rank "D". Acredite ou não, por mais metafórica que a última linha tenha sido, ela é a verdade além da verdade, mostrada exatamente como deve ser vista.
Então, faça como você faz quando assiste um filme sem saber a sinopse: aceite. O que está acontecendo tem motivos pra acontecer, esqueça o que veio antes - já que no filme você nem se quer sabe - e o que pode vir depois e aproveite a tira de filme que se apresenta, olhando em especial as cores da fotografia, a atuação dos atores e, claro, a história do momento.
Abandone tudo que você considera uma volta aos "e se...?". Eles não fazem bem nenhum pra você, fazendo a situação parecer ainda pior do que já está (e acredite, ela sempre pode ficar pior, numa visão otimista da coisa). Resolva os seus problemas pensando no que está acontecendo, na sucessão de fatos, no que se resulta de tudo, como você tem feito até agora, pra errar mais vezes, ter ainda mais problemas e, no fim, poder olhar seus netos sentados esperando uma história e dizer "Já fiz de tudo nessa vida. Já caí de escada rolante, já rolei na grama, já prendi o dedo na porta, já namorei a pessoa errada, já briguei com quem tava certo, já fui revendedor da avon...".