Enfim, o fim.

E vamos todos trazendo os boletins pra casa, levando puxões de orelha, rezando pras recuperações terem dado certo, caindo na desgraça das notas vermelhas, desorientando pais, brigando com o mundo, dormindo de menos, preocupando-se de mais.
Ao menos é o fim de ano que eu presencio, em convivência com outras tantas pessoas que passam pelo mesmo caso. O stress, maldito ser inexistente que eu insisto em personificar aqui, invade a cabeça de todo mundo, trás a depressão como acompanhante e resolve que vai passar umas férias aí com você. Tomar um café, colocar a conversa em dia, destruir a pouca paciência que você lutou pra reunir, essas coisas legais que a gente faz no fim do ano. Tudo isso assistindo o especial de fim de ano do Shrek, que a Globo tirou de algum buraco na cueca da Dreamworks.
E aí a gente se perde nos horários confusos, dorme menos, se dispõe menos, vive menos. Pressupõe que todos os outros seres humanos que obviamente estão no mesmo estado têm de nos suportar por que afinal de contas é natal, tempo de amor e paz, convivência familiar, calor dos infernos e chuva imprevista que destrói qualquer chance de penteado planejado a tarde toda que você tenha feito. Mas elas não têm a obrigação de te agüentar, e, portanto, não vão.
Não espere uma palavra amiga, um abraço de verdade, uma ligação quase onze horas da noite, um "eu te amo", um "feliz natal" que seja de verdade. Eles sequer vão se preocupar em dar-lhe o que você merece, que logicamente não passa de uma pacote de uvas passas e um bilhete amarelo escrito "me liga depois do carnaval".
Então faça você o que você espera que façam. Abrace, dê palavras amigas, ligue às onze da noite, diga "eu te amo", "feliz natal" e tudo mais, para alegrar as pessoas. Assim, você está tornando alguém cheio de stress e de saco cheio em uma pessoa que dará amor à outras pessoas e assim sucessivamente, num círculo vicioso do bem que uma hora ou outra acabará por acertar-lhe, queira o capitalismo estar presente ao pé da árvore ou não.
O natal é, atualmente, o que nós deixamos ele ser. Capitalista por livre e espontânea escolha.
Me liga depois do carnaval, e aproveite as uvas passas.

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