Uma nova concepção sobre a verdadeira face de uma das comemorações do fim do ano

O fim do ano se aproxima, e com ele dezembro, comemoração, festas, panettones e as despedidas de cursos e etc. Trazendo junto consigo nessa orgia* toda de coisas alegres, saltitante, coloridas e em geral felizes que a gente vê no fim do ano, as festas de despedida fazem a nós um agrado com um costume um tanto quanto questionável: o amigo secreto.
Questionável por que, obviamente, nada mais é do que um pretexto para dar e receber presentes e normalmente rir com bobagens que aconteceram durante o ano. Um momento de pura nostalgia e capitalismo que a gente sempre participa, na esperança de tirar alguém que a gente tenha muita afinidade, no infinito mar de papeizinhos.
O que me impressiona não é o fato de tal costume ser apenas mais um meio de gastar dinheiro e promover a pseudo-confraternização entre pessoas de um determinado lugar que tem em comum apenas o fato de conviverem juntos em algumas horas de alguns dias da semana (ou nem isso).
Mais impressionantemente questionável é o método estranho da distribuição de presentes, que envolve o já citado irrelevante número de papeizinhos com nomezinhos anotadinhos e dobradinhos para que os seus dedinhos não escolham o mais conveniente. Sacanagem, eu sei.
Me indago por que raios alguém se diverte tentando descobrir, através de descrições em geral fúteis e mal estruturadas, quem é o amigo secreto da pessoa que se expõe ao ridículo ao falar na frente de todo mundo que, em geral, está com um sorriso bobo na cara. Talvez seja divertido, sim, mas me pergunto se não seria muito mais prático dizer "meu amigo secreto é fulaninho" ao que a grande maioria das pessoas, surpresa com a revelação, pensará em caixa alta: "POR ESSA EU NÃO ESPERAVA HEIN!!", assim podendo todos irem em direção aos quitutes e conversar sobre, finalmente, algum assunto que une as pessoas além do fato de elas conviverem juntas durante algum determinado período de tempo durante o ano.
E ainda acho tão retardado quanto o fato de o amigo ser secreto e durar semanas de segredo, considerando que todos deveriam ser amigos, o que torna a coisa não secreta. Mas como nem todos são amigos, o amigo secreto passa a ser um falso amigo secreto. E, excluindo esse fato, todo mundo sabe que uma hora ou outra algum chato estraga parte da brincadeira e conta quem tirou, pergunta de outra pessoa e afins.
Então, pergunto-me: seria o amigo secreto uma maneira de dar presentes de natal para a grande maioria das pessoas que você não pensaria em dar?
Não se costuma questionar os costumes, suponho.

*havia utilizado o termo “suruba”, mas meu corretor ortográfico é mais politicamente correto do que eu imaginava. Antes “orgia” que “namoro escandaloso”, suponho.