Quando o cérebro já parou de funcionar, mas o pulso ainda pulsa

Uma bola vermelha encontra-se presa em uma árvore aristocrática num quintal verdejante. Uma cena em si digna de Oscar de fotografia. Este texto é a história de um crime tão cinematográfico e digno de Oscar quanto a própria cena descrita à pouco. Tire suas próprias conclusões e decida quem está certo.
A bola vermelha, que foi parar em cima do - chamarei de "carvalho" - grande carvalho se fincado de maneira inteiramente desproporcional, como se sua (inexistente) vida dependesse disso, havia chegado naquele nível superior graças à um grande chute que se quer era pretendido e foi dado por aquele seu amigo que você tanto fala, durante uma louca partida de - chamarei de "futebol" - futebol. Não que você goste de futebol, mas aconteceu. Então, decepcionado com a impossibilidade de continuar o jogo que eu, você e aquele seu amigo que você tanto fala tínhamos decidido começar, todos voltamos para a casa amarela que se encontrava um pouco ao fundo, onde uma senhora nos aguarda com a mesa já servida. Todos, menos aquele seu amigo que você tanto fala, que fica mais alguns minutos próximo a arvore. Ele se junta à nós dez minutos depois, todavia, dizendo que não conseguiríamos tirar a bola de lá nem que voássemos. Eu saio para ir ao banheiro, enquanto você e aquele seu amigo que você tanto fala continuam comendo calmamente. Quinze minutos depois eu estou de volta, sorridente, com cara de alívio, e volto a comer. Você e aquele seu amigo que você tanto fala decidem que vão pegar uma escada branca de madeira para tirar a bola da árvore. Terminam de comer, saem e, ao voltarem para próximo do carvalho carregando ambos com dificuldade a escada, percebem que a bola vermelha, que estava a muitos e muitos metros do chão, não está mais lá, se segurando a árvore como se ainda tivesse esperança de ser transmutada em uma verruga plástica e vermelha. Não. Ela está ali, no chão, próxima a árvore, inocentemente quieta no mesmo lugar. Você se abaixa, pega a mesma e olha para nós, com uma cara estupefata. Aquele seu amigo que você tanto fala faz uma pequena cara de culpa e diz, num tom baixo "eu tirei, antes do almoço.". Eu te olho horrorizado e você e aquele seu amigo que você tanto fala saem felizes a chutar a bola de novo, e eu permaneço perto da árvore quieto, imerso em pensamentos.

Organizando os fatos:

  • - bola fica presa
  • - eu e você vamos almoçar
  • - aquele seu amigo que você tanto fala aparece quinze minutos depois
  • - eu saio pra ir ao banheiro
  • - volto quinze minutos depois
  • - voltamos todos juntos pra perto da árvore e a bola está no chão
  • - aquele seu amigo que você tanto fala assume o ato e você acredita nele.
Muito bem, descrita toda a cena, coloquemos o resto em prática:
Sou incluso na brincadeira em seguida, e, depois de mais quatro horas, vamos todos dormir. Eu te seguro e aquele seu amigo que você tanto fala continua indo em direção à casa. Digo, em tom baixo e despropositadamente acusador:
"Ele está mentindo."
Você me olha com uma cara de interrogação digna de ser emoldurada, e eu explico, em poucas palavras:
"Não foi ele quem tirou a bolas de cima do carvalho"
Há uma pequena pausa. À noite se aproximando e a brisa balançando as folhas não colaboram muito com a situação. Completo:
"Fui eu."
Você, estarrecido, liga as pistas e lembra-se que a escada branca estava no porão e seria impossível pra eu carregá-la até ali, apesar de achar que para aquele seu amigo que você tanto fala não fosse tão difícil. Expõe tais pistas pra mim. Continuo em silêncio, olhando pra você num tom de acusação que não pretendia ser meu. Voltamos, em silêncio, para a casa amarela, você carregando a bola vermelha, eu arrastando a escada, deixando montes de marcas no gramado.
Paramos antes da porta e eu lhe digo, rapidamente, prontamente, em tom de segredo:
"Eu sei voar".
A sua reação, óbvia, é desconsiderar tal hipótese, por ela ser irracional e impensável. Todavia, você não acha a hipótese de aquele seu amigo que você tanto fala ter carregado a escada branca sozinho até o carvalho, mesmo que as únicas marcas no chão sejam da minha trajetória com a escada branca de madeira.
E prefere, enfim, desacreditar em algo que você nunca considerou, apenas pelo fato de que é mais cômodo aceitar o lado que a sua razão e, talvez, seu coração apontam. Analisar todos os fatos de novo não era uma opção. Aceitar que ele mentiu descaradamente não era uma opção.
Acreditar em mim nunca foi uma opção.

Comentários

Daysinhaa disse…
e???

moral da historia?

eu nao entendi...

bjus
Victor disse…
Ahn, supunheto que esse texto tenha sido somente um momento /b/, porque eu não consigo ver sentido nele (fora aquele que eu supus e aparentemente estava errado) õ.o
Claro que estamos falando de mim, e isso é um ponto à se considerar.
Mas como nem você tem exata certeza do que quis dizer com ele, isso conforta-me um pouco. XD
Anônimo disse…
'-'

Você vai me explicar depois, tá?
Anônimo disse…
Q cmo fas/

Uau, vejamos... tive que reler mil vezes esse ultimo parágrafo e ainda não entendi

bem, apesar de confuso, deu pra entender (BRINKS nem deu rsrsrsrs)

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